João da Cruz e Sousa

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João da Cruz e Sousa, foi um poeta brasileiro nascido a 24 de Novembro de 1862, na cidade de Desterro, na época, capital da província de Santa Catarina, hoje atual Florianópolis. É fato que João da Cruz e Sousa buscasse a universalidade. Primeiro a humanidade e depois a origem nacional. Sempre depois dessa universalidade, para vir depois a questão da etnia, ou algo similar. Sob essa visão, Cruz e Sousa é um poeta do terceiro milênio, cujo universalismo já está em andamento. Era filho de dois negros alforriados, Guilherme mestre pedreiro, escravo do marechal, que o herdou dos pais, e de Carolina Eva da Conceição, lavadeira, escrava liberta por ocasião de seu casamento, ambos negros puros. Portanto, trazia em sua alma, as transcendentes forças oriundas de sonhos, angustias, e ilusões. Aos oito anos, já recitava versos seus, em homenagem a seu protetor. Muitos fatores foram preponderantes, para que o Poeta Negro viesse a tornar-se um fenômeno no meio literário brasileiro. E frutificou quando em si, foram lançadas as boas sementes, tornando-se preparado para o que viria a se sobrepor em seu caminho. Por ter sido amparado na infância por uma família de linhagem nobre, o poeta acabou recebendo o sobrenome Sousa. Nome que homenageava o santo do dia, o grande místico São João da Cruz, sobrenome da família do senhor de seu pai. Foi então batizado em 24 de março de 1862. Os seus protetores, Sra. Clarinda Fagundes de Sousa e seu marido, coronel, mais tarde marechal-de-campo, Guilherme Xavier de Sousa o adotaram como filho de criação. Sendo matriculado no Ateneu Provincial Catarinense, de 1871 a 1875, estudou francês, inglês, latim e grego. Ainda com seu professor, o alemão Fritz Müller, estudou matemática e ciências naturais. Tudo isso fez com que João da Cruz e Sousa fosse um homem preparado para os embates da vida; pois haveria de ser combatido, desprezado, e humilhado. E este preparo, o fortaleceu no sentido de deixar que sua energia criativa não se dispersasse. Nem mesmo em seu estado de saúde dando os primeiros sinais de precariedade não foi capaz de o abater. Porém foi no seio dessa universalidade hostil, que encontrou o apoio de miraculosas mãos compreensivas, que lhe ajudaram a enfrentar os percalços e as dificuldades; devido a pobreza e o amargor que conheceu, teve estrutura para que no mundo de sonho, enfrentasse bravamente feito um "núbio conteporâneo de Davi”, “desde a antiguidade”. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Após longas peregrinações como “ponto” numa companhia teatral pelo norte e sul do país, aportou na cidade do Rio de Janeiro já adulto, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando na Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini e também no Novidades, e no jornal Cidade do Rio em fins de 1890. Nesta cidade morou, lutou, casou, foi pai de quatro filhos. Em Fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética) e em agosto, Broqueis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também negra, e ex-escrava do Juiz Dr. Antônio Rodrigues Monteiro, humanitário e abolicionista, que dera à moça excelente educação. Especula-se que o enlevo do noivado houvesse influenciado todo o elenco de Broqueis. As sublimações, ao subirem ao plano da fantasia se tornam nebulosas, alvas, claras... ainda que a noiva Gavita - fosse preta. Nisto certamente se combinam também as aspirações e manifestações da cultura ariana. A imaginação também brilha. O mesmo Cruz se refere ao brilho dos alabastros. Acima de tudo está o seu enlevo místico. O ano de 1896 é marcado por trágicos acontecimentos. A esposa Gavita enlouquecera. Sobre esse episódio, Cruz e Sousa deixou páginas comoventes. Nelas condensou, em conotações difíceis de avaliar, a sensação profunda dos males, que então passaram a oprimi-lo no viver cotidiano de sua casa e família. Dois filhos menores e já o terceiro concebido, de futuro ainda viria um quarto - isto tudo somava cuidados invencíveis em meio à pobreza. Por causa desta viria a todos finalmente a anemia profunda. Isto alterou primeiramente as faculdades mentais da mulher. O fato impôs iniciativas a João da Cruz, para as quais os seus recursos eram parcos. Seu modo rigoroso de vestir já é impossível; também a saúde pessoal recebe abalos. A morte guerreia também os 4 filhinhos do casal. Morrem em vida do poeta, ou seja, até março de 1898, Raul e Guilherme. Não tarda, e falece Reinaldo, o terceiro. Em 1901 falecerá Gavita, também de doença pulmonar. O quarto e último filho, - João, - de nascimento póstumo, falecerá em 1915, aos 17 anos, como aluno interno do Colégio D. Pedro II.


MORTE

Quanto à saúde pessoal de João da Cruz e Sousa, parecera normal até 1895, quando advertiu-o, então, Nestor Vítor. "A tuberculose, irrompendo em dezembro de 1897, veio-lhe com surpresa para quase todos nós, não tanto para mim, é certo, que acompanhava o seu crescente depauperamento físico desde 1895, quando lhe falei pela primeira vez do perigo que me parecia ameaçá-lo" Morreu a 19 de Março 1898 na cidade de Sítio, estado de Minas Gerais, para onde fora transportado às pressas. Nos seus trinta e seis anos de vida, percorreu todo um ciclo de experiências tremendas de dor, amargura e sofrimento. Mas se de um lado o poeta amargou uma série de derrotas, é verdade também, que tudo isso foi uma somatória de fatores que o tornaram para o Brasil, e mesmo para o mundo, todo esse brilhantismo iluminado, que nos deu a conhecer...


(1)ANÁLISE DA OBRA

Havia, porém nesse lirismo, uma conjunção de circunstancias que resultaram no seu canto imortal. Canto esse, no fim das contas, é que veio ser a matéria prima de sua alma. A obra de João da Cruz e Sousa, afora alguns inéditos de importância mínima, se compendia nos seguintes volumes: Missat e Broqueis, publicados em 1893, o primeiro de prosa, o segundo de poemas, únicos livros aparecidos ainda em vida do poeta; depois de sua morte, por diligência e empenho de amigos, principalmente de Nestor Vítor, vieram a lume: Evocações, prosa, em 1898; Faróis, poemas, em 1900; e Últimos sonetos, em 1905. Do sentido total da obra de Cruz e Sousa, assim como do seu valor na história da poesia ocidental, o grande esteta e sociólogo francês Roger Bastide, deu ao poeta honroso destaque. Antes, porém do ilustre exegeta estrangeiro, houve entre nós, quem enaltecesse e proclamasse a solitária grandeza do Poeta Negro e, por aproximações, sucessivas, procurasse descobrir a essência mesma de sua inspiração. Dos nossos críticos insignes, o mais fechado à renovação simbolista, José Veríssimo – representativo como nenhum outro do espírito naturalista na crítica brasileira, - teve, não obstante, com relação a João da Cruz e Sousa, expressões de supremo encantamento. O ensaio de Bastide, no entanto, era necessário. Que tenha sido composto e publicado é uma grande felicidade para nós. A Bastide, estrangeiro, e nome de alta responsabilidade, não se atribuirão móveis ocultos, nem parcialidades subconscientes. E, trabalhando numa hora em que o fenômeno simbolista já alcançou valoração exata da parte de exegetas eminentes, pôde Bastide, em puros termos de crítica objetiva e de literatura comparada, mais solidamente estruturar o elogio glorificante do Poeta Negro. Bastide, em verdade, situa Cruz e Sousa de maneira magnífica na poesia do mundo. Definindo o Movimento Simbolista como irrupção incontível de funda corrente de espiritualidade, com fontes remotas em Platão, no misticismo medievo e em São João da Cruz, e com isto lhe atribuindo transcendente sentido na história da poesia, o eminente exegeta francês estuda face a face, com expressões supremas desse mesmo movimento, ao lado da de Stefan George, as figuras de Cruz e Sousa e Mallarmé. Do paralelo inesperado, a que dificilmente se aventuraria a crítica indígena, resulta, para o poeta nosso, uma preeminência gloriosa. Na realidade o que Nestor Vítor, e quantos, no Brasil, se apaixonaram pela musa estranha de Cruz e Sousa, desejaram oferecer ao cantor negro em testemunho de admiração irrestrita, foi, no ensaio de Bastide, superabundantemente ultrapassado. Uns poucos trechos do ensaio em questão, o qual, pela sua condensação extrema, é verdadeiramente irresumível, mostra a que profundidade de análise sujeitou Bastide a poesia de Cruz antes de reconhecer-lhe o título de ouro puro. “O Drama de Cruz e Sousa”, escreve o exegeta:

[...] vai, portanto, ser ainda mais patético do que o de Mallarmé, e sua posição vai ser de outra originalidade, pois para ele não se tratará unicamente de achar uma expressão possível do inefável, de criar para si, uma experiência psicológica, para se constituir, terá de lutar incessantemente com uma primeira educação absolutamente oposta a ela e que, a cada momento, porá em risco de ser aniquilada. Eis porque não acharemos em Cruz e Sousa a dialética de Mallarmé, as caminhadas para um platonismo cada vez mais lógico, a série de ensaios cada vez mais aproximados de uma tradução carnal das essências invisíveis, mas sempre, ao longo do mais áspero dos caminhos, a luta contra os mesmos obstáculos, sempre renascentes e, por conseguinte, o drama a representar-se em dois planos ao mesmo tempo. [...] Cruz e Sousa construiu, só com seu cérebro, o seu mundo poético, e elabora, isento de qualquer influência, a sua própria experiência simbólica. Seu simbolismo seguirá, sem dúvida, a lei geral, exigirá a existência de um mundo transcendente, de um mundo de Essências, mas antes ele reagira com a sua personalidade fremente e dolorosa, que não é senão dele. [...] Chegamos ao ponto mais delicado e mais difícil deste estudo, à análise do que talvez de mais original e talvez de mais intraduzível em Cruz e Sousa e que lhe dá situação à parte na grande tríade harmoniosa: Mallarmé, Stefan George e Cruz e Sousa... É a princípio a experiência de uma separação, de uma espécie de febre dos nervos, de uma hiperestesia que o isola dos homens, como num “exílio de concentração” É em seguida, uma metamorfose da saudade brasileira, que, tornando-se desejo de transcendentalismo, toma aspecto mais metafísico ou mais religioso, que Cruz e Sousa, aliás, descobre em tudo o que é humano e na mesma natureza, não sendo para ele, como para S.Paulo, a criação todo inteiro mais do que aspiração e nostalgias divinas (Ansiedade). O confronto com Mallarmé deixa clara a diferença das duas experiências e a heterogeneidade completa dos dois simbolismos; Mallarmé continua contemplativo, ao passo que o que domina Cruz e Sousa e a viagem é a subida, é o dinamismo do arremesso, e isso porque era brasileiro, do país da saúde, e da origem africana, de uma raça essencialmente sentimental.Eis porque,em rigor,não há experiência em Mallarmé,porque que se preocupou principalmente com a tradução poética de sua visão que fica sempre no terreno da pesquisa técnica,do trabalho voluntário e da arte,enquanto Cruz e Sousa vive a experiência simbólica, acha seus símbolos não por artifício da vontade, e sim na espontaneidade da busca; experimenta-se no interior de sua saudade,como criação imprevisível e que se lhe impõe.[...] A poesia do nosso poeta termina dest’arte, no processo inverso do que existiu no seu ponto de partida. Tinha começado pela dissolução das formas exteriores dos objetos, diluindo-os na bruma do sonho, e termina pela volta à matéria,porém matéria sutilizada e preciosa, cintilação de cristal ou de jóia, certamente encarnação da forma inteligível, mas encarnação em algo que nada mais tem de sensual e que nada retém de calor do concreto. Destruição das formas (no plural) nas cerrações da noite, cristalização da forma (no singular) ou solidificação do espiritual numa geometria do translúcido, tais são, afinal, os dois grandes processos, antitéticos e complementares ao mesmo tempo,que permitiram a Cruz e Sousa trazer aos homens a mensagem da sua experiência e apresentá-la em poesia de beleza única,pois que é acariciada pela asa da noite e,todavia,lampeja com todas as cintilações do diamante. Fragmentei talvez excessivamente a análise de Bastide. Mas era meu intuito apenas pôr de relevo a dignidade suprema que aos olhos do exegeta assume a poesia do cantor negro. No Brasil, é disto que, principalmente, precisamos: de que o estrangeiro nos venha dizer, surpreso, que em nós encontrou algo de surpreendente e admirável. Sem o que não acreditaremos nunca. “Poesia de beleza única, pois que é acariciada pela asa da noite e, todavia, lampeja com todas as cintilações do diamante”, e que dá ao poeta nossa “situação à parte na grande tríade harmoniosa: Mallarmé, Stefan George, Cruz e Souza...” Creio que o bastante para desarmar para sempre a suspicácia indígena... Os jornais e revistas em que Cruz e Sousa escreveu se encontram nas coleções da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Também se encontram na Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis, em parte provenientes do espólio de Lucas Boiteux). Finalmente se encontram também na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, onde também se acham volumes das primeiras edições dos livros do poeta.


(2)RESUMO DE SUA TRAJETÓRIA

De 1865 a 1866 – Faz as primeiras letras com a sua protetora dona Clarinda de Sousa. Em 1868 - Leitura, ao marechal Xavier de Sousa, dos primeiros versos. Em 1869 - Entra para a escola pública do "velho" Fagundes, irmão de dona Clarinda. Começa a recitar poesias suas, em salões, concertos e teatrinhos. Em 1870 - Falecimento do marechal Xavier de Sousa. Em 1871 - Matricula-se no Ateneu Provincial Catarinense. Em 1874 - Em julho, começa a lecionar no Ateneu o eminente naturalista alemão Fritz Müller (1822-1897), amigo e colaborador de Darwin e Haeckel Em 1875 - No fim do ano, Cruz e Sousa deixa o Ateneu, que cursou durante cinco anos, estudando francês com João José de Rosas Ribeiro, pai do seu grande amigo Oscar Rosas; latim, inglês e grego com o orientalista padre Leite de Almeida, reitor do Instituto; Matemática e Ciências Naturais com Fritz Müller; inglês com Anfilóquio Nunes Pires. "Distinguiu-se acima de todos os seus condiscípulos" (Virgilio Várzea).

Em 1876 - Em outubro deixa o Ateneu o sábio Fritz Müller. Grandes elogios a Cruz e Sousa, e o seu caso apresentado como reforço de suas opiniões anti-racistas. "Este preto representa para mim mais um reforço da minha velha opinião contrária ao ponto de vista dominante que vê no negro um ramo por toda parte (talvez; sob todos os aspectos) inferior e incapaz de desenvolvimento racional por suas próprias forças". (carta a Hermann Müller)

Em 1877 - Ensina particularmente, preparando especialmente professores para o magistério público. Versos publicados nos jornais da província.

Em 1881 - Funda, com Virgílio Várzea e Santos Lostada, o jornalzinho literário semanal Colombo. Primeira viagem de Cruz e Sousa, "percorrendo todo o Brasil - Norte a Sul" (Virgílio Várzea), que durou dois anos, acompanhando a Companhia Dramática Julieta dos Santos, como ponto. Adesão à chamada Escola Nova, na realidade o Parnasianismo. Leituras de Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre outros.

Em 1882 - Começa a redigir a Tribuna Popular. Participa da "Guerrilha Catarinense", violenta polêmica literária pró e contra o Realismo.

Em 1883 - Nomeado presidente da província o sociólogo dr. Francisco Luís da Gama Rosa. Cruz e Sousa regressa do Norte, onde realizou conferências abolicionistas em várias capitais; aproxima-se do presidente Gama Rosa. Publica o folheto Julieta dos Santos, escrito em colaboração com Virgílio Várzea e Santos Lostada.

em 1884 - Deixando o governo, Gama Rosa nomeia Cruz e Sousa promotor de Laguna. O ato foi impugnado pelos chefes políticos, e o poeta não tomou posse. Novamente no Norte. Artigos enviados da Bahia, de janeiro a abril. Homenagem, na Bahia, promovida pela Gazeta da Tarde e os clubes abolicionistas Libertadora Baiana e Luís Gama.

Em 1885 - Aparece Tropos e Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea. Assume a direção do jornal ilustrado O Moleque, título dado em desafio ao preconceito de cor.

Em 1886 - Excursão ao Rio Grande do Sul. De volta, encontro com a pianista loura da Praia de Fora, que aparece em várias de suas poesias da época.

Em 1887 - Trabalha na Central de Imigração. Oscar Rosas convida-o a ir ao Rio de Janeiro.

Em 1888 - Em breve estada no Rio de Janeiro conhece Luís Delfino, seu muito admirado conterrâneo, B. Lopes e Nestor Vítor. Lê, transmitidas pelo Dr. Gama Rosa, obras de Edgar Allan Poe, Huysmans, Sâr Péladan, Villiers de L’isle Adam e outros.

Em 1889 - Retorna ao Desterro em 17 de março, por não ter conseguido emprego no Rio. Leituras de Flaubert, Maupassant, os Goncourt, Alphonse Karr, Thêophile Gautier, Gonçalves Crespo, Cesário Verde, Teófilo Dias, Delfino, Ezequiel Freire, B. Lopes. Duas poesias suas no Novidades, em janeiro, antes de sua volta a Santa Catarina. Entusiasmo de Raul Pompéia ouvindo Oscar Rosas ler Asas Perdidas, de Cruz e Sousa, no Teatro Lírico, num intervalo de Aída.

Em 1890 - Ida definitiva para o Rio de Janeiro, provavelmente em novembro. Colabora na Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini. Oscar Rosas lança o movimento "Norte - Sul", pela literatura sulina. Colaboração no Novidades, de que era secretário Oscar Rosas, em 27 de dezembro. Primeiro emprego no Rio de Janeiro, proporcionado por Emiliano Perneta.

Em 1891 - Falecimento em agosto, no Desterro, de sua mãe Carolina. Artigos-manifestos do Simbolismo na Folha Popular, do qual era secretário Emiliano Perneta. Colaborava também em O Tempo. Residia na rua do Lavradio, nº 17. Vê Gavita Rosa Gonçalves, também negra, pela primeira vez, em 18 de setembro.

Em 1892 - Colabora na Cidade do Rio, de José do Patrocínio.

Em 1893 - Publica, antes de 28 de fevereiro, Missal e, em 28 de agosto, Broqueis. Casa-se, em 9 de novembro, com Gavita, em plena Revolta da Armada. Nomeado praticante de arquivista da Central do Brasil, em dezembro.

Em 1894 - Promovido a arquivista, com salário de 250 mil réis. Nasce, em 22 de fevereiro, o seu primeiro filho Raul.

Em 1895 - Recebe a visita de Alphonsus de Guimaraens, que veio de Minas Gerais especialmente para vê-lo. Nascimento, em 22 de fevereiro, do filho Guilherme.

Em 1896 - Morte de "mestre" Guilherme, seu pai, em 29 de agosto, com cerca de 90 anos. Em março, a loucura de Gavita (ver Balada de Loucos, de Evocações, e Ressurreição, de Faróis), que durou seis meses.

Em 1897 - Pronto para o prelo Evocações, que sairá postumamente. Residia na casa nº 48 da Rua Teixeira Pinto (hoje Cruz e Sousa, 172), no Encantado. Em 24 de julho, nasce o terceiro filho Rinaldo.

Em 1898 - Morre em 19 de março, de tuberculose, em Sítio, Minas Gerais, para onde partira três dias antes. O seu corpo chegou no dia seguinte ao Rio de Janeiro, num carro de transporte de carne. José do Patrocínio e Nestor Vítor encarregaram-se dos funerais. Foi enterrado no Cemitério de São Francisco Xavier. Aparece Evocações, em edição promovida por Saturnino de Meireles. Nasce o filho póstumo, João da Cruz e Sousa Júnior, no dia 30 de agosto.

Em 1899 - Conferência sobre Cruz e Sousa e o Simbolismo brasileiro no Ateneu, em Buenos Aires, do poeta e diplomata boliviano Ricardo Jaimes Freyre, em 28 de agosto. Maeterlink, em carta a Nestor Vítor, manifesta interesse em lançar o poeta negro na França. O encarregado da tradução dos textos, João Itiberê da Cunha, nunca concluiu o trabalho. Aparece Cruz e Sousa, de Nestor Vítor.

Em 1900 - Lançado Faróis, em coletânea organizada por Nestor Vítor.

Em 1901 - Morre Gavita, em 13 de setembro, de tuberculose. Dos seus filhos (Raul, Guilherme, Rinaldo e João), dois morreram antes dela e um imediatamente depois. João, o filho póstumo, sobreviveu.

Em 1904 - Inauguração do novo túmulo, encimado por busto de autoria de Maurício Jubim, em 15 de maio.

Em 1905 - Lançamento em Paris, em edição dirigida por Nestor Vítor, dos Últimos Sonetos.

Em 1915 - Morre João da Cruz e Sousa, último filho do poeta, em 15 de fevereiro, de tuberculose pulmonar, como seu pai, sua mãe e seus irmãos. Antes de morrer, ligara-se a Francelina Maria da Conceição, que lhe deu um filho, também póstumo, de nome Sílvio Cruz e Sousa, morrendo atropelada por um bonde dois anos depois. O único neto do poeta foi marinheiro e residiu no subúrbio carioca de Maria da Graça, deixou grande descendência e faleceu em 1955.

Em 1923 - Em comemoração do 25º aniversário da morte do poeta, aparece a primeira edição de Obras Completas, organizada por Nestor Vítor. Erigido em Florianópolis, na atual Praça XV, um monumento a Cruz e Sousa, em 7 de abril.

Em 1943 - Destruído pelo tempo o busto de autoria de Maurício Jubim, Nereu Ramos promove a construção do mausoléu definitivo do poeta, cuja concepção e realização ficou a cargo do escultor Hildegardo Leão Veloso. Aparecem, no livro A poesia afro-brasileira, os importantes Quatro estudos sobre Cruz e Sousa de Roger Bastide.

Em 1952 - Publicação do Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, de Andrade Murici, reunindo farto material do poeta.

Em 1961 - Em comemoração ao centenário de nascimento, a editora Aguilar publica Obra Completa, organizada por Andrade Murici (atualizada em 1995 por Alexei Bueno).


De Florianópolis, - A Regeneração; Despertador; jornal do Comércio; Poliantea; Colombo; Moleque; O Artista; Do Rio de Janeiro, - Debate; Novidades; Ilustração Brasileira; República; o Pais; O Tempo; Cidade do Rio, sendo este o jornal em que inicialmente trabalhou Cruz e Sousa ao se transpor, definitivamente, para a Capital da República em fins de 1890.


OBRAS:

Antífona Siderações Lésbia Múmia Em sonhos Lubricidade Monja Cristo de Bronze Clamando Braços Regina Celli Sonho Branco Canção da Formosura Torre de Ouro Carnal e Místico A dor Encarnação Sonhador Noiva da Agonia Lua Satã Beleza Morta Afra Primeira Comunhão Judia Velhas Tristezas Visão da Morte Deusa Serena Tulipa Real Aparição Vesperal Dança do Ventre Foederis Arca Tuberculosa Flor do Mar Dilacerações Regenerada Sentimentos Carnais Cristais Sinfonias do Ocaso Rebelado Música Misteriosa Serpente de Cabelos Post Mortem Alda Acrobata da Dor Ângelus Lembranças Apagadas Supremo Desejo Sonata Majestade Caída Incensos Luz Dolorosa Tortura Eterna Recolta de Estrelas Recorda Canção do Bêbedo A Flor do Diabo As Estrelas Pandemonium Envelhecer Flores da Lua Tédio Lírio Astral Sem Esperança A Caveira Réquiem do Sol Esquecimento Violões que Choram Olhos do Sonho Enclausurada Música da Morte Monja Negra Inexorável Réquiem Visão Pressago Ressurreição Enlevo Piedosa Ausência Misteriosa Meu Filho Visão Guiadora Litania dos Pobres “Spleen” de Deuses Divina Cabelos Olhos Boca Seios Mãos Pés Corpo Canção Negra A Ironia dos Vermes Inez Humildade Secreta Flor Perigosa Metempsicose Os Monges Tristeza do Infinito Luar de Lágrimas Ébrios e Cegos Piedade Caminho da Glória Presa do Ódio Alucinação Vida Obscura Conciliação Glória A Perfeição Madona da Tristeza De Alma em Alma Ironia de Lágrimas O Grande Momento Prodígio Cogitação Grandeza Oculta Voz Fugitiva Quando Será?! Imortal Atitude Livre! Cárcere das Almas Supremo Verbo Vão Arrebatamento Benditas Cadeias! Único Remédio Floresce! Deus do Mal A Harpa Almas Indecisas Celeste Abrigo Mudez Perversa Coração Confiante Espírito Imortal Crê! Alma Fatigada Flor Nirvanizada Feliz Cruzada Nova O Soneto Fogos-Fátuos Mundo Inacessível Consolo Amargo Vinho Negro Eternos Atalaias Perante a Morte O Assinalado Acima de Tudo Imortal Falerno Luz da Natureza Asas Abertas Velho Eternidade Retrospectiva Alma Mater O Coração Invulnerável Lírio Lutuoso A Grande Sede Domus Aurea Um Ser O Grande Sonho Condenação Fatal Alma Ferida Alma Solitária Visionários Demônios Ódio Sagrado Exortação Bondade Na Luz Cavador do Infinito Santos Óleos Sorriso Interior Mealheiro de Almas Espasmos Evocação No Seio da Terra Anima Mea Sempre o Sonho Aspiração Suprema Inefável Ser dos Seres Sexta-Feira Santa Sentimento Esquisito Clamor Supremo Ansiedade Grande Amor Silêncios A Morte Só! Fruto Envelhecido Êxtase Búdico Triunfo Supremo Assim Seja Renascimento Pacto de Almas Para Sempre Longe de Tudo Alma das Almas


(1) Cruz e Sousa, Poesias completas - Biblioteca Folha - Tasso da Silveira (2) UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

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